
A expectativa de vida média alcança 75 anos no Brasil e já está em 85 anos nos países desenvolvidos. Os avanços da medicina certamente contribuíram para esta nova realidade, contudo, ainda hoje, observamos uma enorme lacuna de falta de cuidados voltados a qualidade de vida e prevenção, especialmente numa fase da vida onde o declínio hormonal, o surgimento de doenças, o déficit energético e cognitivo se tornam evidentes.
A terapia de reposição hormonal, neste sentido, pode assumir um papel preponderante, mas ainda envolve uma série de mitos e medos. O que é importante ressaltar, antes de mais nada, é que ela deve ser encarada como “a cereja do bolo”. Não é a solução de todos os problemas mas é sim uma terapia altamente eficaz, quando vários outros aspectos físicos e comportamentais já foram abordados.
Indo mais além, de nada adianta a análise do cortisol, por exemplo, se o hábito de tomar café várias vezes ao dia persiste. Ou, ainda, qualquer outro hormônio se a dieta não estiver equilibrada, principalmente com gorduras boas e proteínas, que despertam nossos hormônios naturalmente.
Uma coisa de cada vez…
Dessa forma, antes que qualquer outra mudança seja feita deve-se ter uma dieta que seja ideal para a função endócrina saudável; A dieta paleolítica baseada em frutas, legumes, carne, aves e peixe melhora a eficácia da terapia hormonal na maioria dos pacientes.
Comer carne
A proteína da dieta fornece aminoácidos essenciais e deve ser consumida todos os dias para manter a saúde dos músculos, ossos e pele. A proteína influencia a liberação de hormônios que controlam o apetite e a ingestão de alimentos. Pesquisas mostram que comer proteína diminui os níveis do hormônio da fome e estimula a produção de hormônios que ajudam na saciedade.
Diminuir o carboidrato refinado
Carboidratos de alto índice glicêmico, como açúcar, amidos, doces, chocolate, bolo, flocos de milho, biscoitos, refrigerantes, álcool e também o açúcar adicionado no presunto, salsicha e salame, tendem a minar os benefícios de vários tratamentos hormonais retardando as secreções de pelo menos 6 hormônios (todos hormônios capazes de aumentar o nível de açúcar no sangue, como cortisol, hormônio de crescimento, testosterona, DHEA, androstenediona e estradiol) além de causarem resistência a insulina.
Fazer exercícios
A atividade física pode influenciar fortemente a saúde hormonal. Um grande benefício do exercício é sua capacidade de reduzir os níveis de insulina e aumentar a sensibilidade à ela. A insulina é um hormônio que tem várias funções. Uma é permitir que as células absorvam açúcar e aminoácidos da corrente sanguínea, que são usados para energia e manutenção dos músculos. No entanto, altos níveis de insulina têm sido associado a inflamação, doenças cardíacas, diabetes e câncer. Além disso, eles estão conectados à resistência à insulina, uma condição na qual as células não respondem adequadamente aos sinais da insulina.
Ser fisicamente ativo também pode ajudar a aumentar os níveis de hormônios que mantém a massa muscular que diminuem com a idade, como testosterona, IGF-1, DHEA e hormônio do crescimento.
Assim, reconhecer e alinhar fatores anteriores a reposição hormonal propriamente dita, como os citados acima, e também procurar profissionais que conheçam o momento certo de iniciar a reposição, conhecida como janela de oportunidade, permite a manutenção da qualidade de vida com o envelhecimento.
Escrito por Felipe Cezar Dias – CRM/PR 34055
Referências:
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Controlling Your Blood Sugar Can Improve Your PCOS and Hormone Imbalance
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