Jejum intermitente (JI) não é propriamente uma dieta e sim uma forma de distribuir os horários de alimentação. Em geral, no JI, adota-se a abstinência da alimentação por períodos programados, como por 12 ou mais horas, voltando a comer, com ou sem restrições, no restante do período do dia, sendo a relação 16:8 horas a mais utilizada. Há também o jejum total ou quase pleno (<25% da necessidade calórica) por 24 horas, seguido de não restrição no dia seguinte. Nas modalidades de jejum de 24 horas, em geral é adotada a relação 2:5, onde o jejum é feito em 2 dias da semana. Mas há muitas outras variedades de JI.
Riscos e benefícios
As evidências são ainda limitadas, sendo a maioria dos estudos realizados em animais. Mas já há alguns ensaios em humanos, com resultados interessantes. Uma pesquisa experimental brasileira ganhou as mídias ao revelar efeitos negativos no organismo de ratos que ficavam 24 horas em jejum e nas 24 horas seguintes tinham dieta livre.
Apesar de perderem mais peso, os ratos submetidos ao JI apresentaram mais distúrbios metabólicos e inflamatórios, maior tendência ao diabetes, aumento do tamanho do estômago e prejuízos no crescimento. Há de se considerar que a pesquisa foi realizada com animais muito jovens, ainda em fase de crescimento. Além disso, a modalidade adotada de JI de 1:1 dia, foi bem mais radical que o usualmente adotado em humanos, que é, no máximo, de 2 dias na semana.
Uma pesquisa americana, contudo, realizada com ratos adultos (de 10 a 18 meses, o que corresponde a 25-45 anos de idade em humanos), revelou que o JI levou a redução do peso e aumento da expectativa de vida em 30%. Além disso, experimentos com camundongos submetidos a JI, revelaram até 40% menor declínio da função cognitiva com a idade. A maior utilização de cetona no JI, parece proteger a integridade da substância branca cerebral dos efeitos do envelhecimento. Há indícios de que o JI promova ainda um aumento de sinapses em neurônios granulares do hipocampo dentado e maior liberação de fator neurotrófico cerebral, auxiliando o aprendizado e a memória.
Pesquisars em humanos
Em três estudos, com 12 horas ou mais de JI, mas inferior a 24 horas, houve perda significativa de peso (em torno de 5 quilos) e da gordura corporal, sem alteração da massa magra. Outros nove ensaios de JI de 24 horas parcial e um estudo de total, em dias alternados, demonstraram reduções ainda mais significativas no peso corporal (maior que 5,0 kg) e massa gorda, sem reações adversas significativas.
E houve benefícios adicionais. Nos estudos, o JI promoveu reduções no colesterol total de 6% a 21%, no LDL de 7% a 32% e, nos triglicerídeos, de 16% e 42%. Houve significativa queda na pressão arterial sistólica (3% a 8%) e diastólica (6% a 10%) após 6 a 24 semanas de JI. Em indivíduos com sobrepeso e pré-diabetes, ocorreu melhora da sensibilidade à insulina e redução da glicemia (3% a 6%).
Perspectivas para a saúde e perda de peso
O controle de peso constitui um dos mais difíceis desafios da prática clínica. Já está provado que ninguém necessita de seis refeições diárias, como preconizam as dietas clássicas. Reduzir o número de refeições pode ser uma alternativa atraente para muitas pessoas. O JI revela-se como mais uma alternativa a ser considerada em casos selecionados, junto à restrição alimentar, prática de exercícios físicos e uso de fármacos, quando indicado.
Os estudos realizados até o momento só não comprovaram a segurança para o emprego do JI em crianças, adolescentes, diabéticos em uso de medicamentos e pacientes com doenças cardíacas graves, como a insuficiência cardíaca. No mais, o JI pode ser benéfico ao metabolismo, ao cérebro e também ao coração. Na sua modalidade mais comum, que é alimentar-se por 8 horas mantendo o jejum por 16 horas, o JI pode ser um importante e seguro auxiliar de dietas que visam a perda ponderal, principalmente se realizado com acompanhamento médico ou por profissional de saúde.
Fonte: Veja
Dr. Alexandre Kaue Sakuma CRM-PR 34966
MMI Clinic
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