Uma dúvida frequente para quem procura um médico a fim de emagrecer é a respeito da segurança, efeitos colaterais e qual o limite de tempo para se usar as medicações que tem como objetivo limitar o apetite, além de, é claro, saber se há algum tipo de efeito rebote, aumento da fome e reganho de peso após a parada dos medicamentos. Por isso, selecionei alguns dos medicamentos mais usados e comento a seguir a respeito disto.
Sibutramina
Medicação amplamente estudada com vários anos no mercado e, portanto robustos estudos sobre seus efeitos. O modo de ação da sibutramina é mediado a nível cerebral por uma inibição da recaptação da serotonina e da epinefrina, que aumenta a saciedade e diminui a ingestão calórica.
Em relação a sua efetividade e segurança, de modo geral, os estudos mostram segurança para seu uso contínuo por até 2 anos, e os adultos que continuam a terapia com sibutramina por este tempo podem manter a perda de peso melhor do que os adultos que tomam placebo ou que fazem apenas mudanças de hábitos de vida.
Mas a efetividade da medicação é perdida com o passar do tempo. A sibutramina é eficaz na redução do peso corporal e da ingestão de alimentos quando administrada por curtos períodos de tempo (6-12 meses) e sua eficácia diminui quando administrada cronicamente.
Até 55% da perda de peso pode ser recuperada 18 meses após a interrupção da terapia com sibutramina, segundo pesquisa.
Ademais, pacientes hipertensos devem estar cientes que a maior parte dos estudos demonstram pequeno incremento da pressão arterial e da frequência cardíaca com o uso desta medicação.
Orlistate
O orlistat é um potente inibidor das lipases pancreáticas e gástricas, que quebram a gordura para que ela seja absorvida. Atua localmente no intestino e é minimamente absorvido, uma grande vantagem.
O orlistat inibe também a absorção de triglicerídeos da dieta em 30%; portanto, eles passam para as fezes, reduzindo assim a ingestão total de calorias.
Além disso, reduz em 25% a absorção intestinal de colesterol.
No quesito segurança, esta medicação possui bom perfil, já que não é absorvida pelo corpo.
E apesar de existirem poucos estudos que ultrapassam 2 anos de uso contínuo de uma intervenção medicamentosa, este perfil de segurança permitiu que uma pesquisa fosse além com orlistate.
O estudo em questão, selecionou indivíduos obesos e aplicou uma dieta com muito baixa caloria (- 1000kcal dia) e orlistate por 8 semanas. O que gerou uma perda de peso de grande magnitude, em média, 14 kg.
A partir daí, os indivíduos foram acompanhados por mais 3 anos em uma dieta com deficit calórico de – 600cal e dispostos aleatoriamente em 2 grupos. Um continuou com o orlistate e outro com um placebo.
Os resultados mostram que quem recebeu orlistate por mais 3 anos teve uma perda de peso mais de 2 kg maior do que quem não o tomou.
Além disso, houve diminuição significativa no risco de desenvolver diabetes no grupo com a medicação.
Este estudo é particularmente interessante já que corrobora para um perfil seguro da droga para uso a longo prazo. Entretanto, devemos lembrar que algumas vitaminas são melhor absorvidas na presença de gorduras, podendo a suplementação ser indicada nestes casos.
Agonistas GLP-1
Dentre as medicações mais recentes despontam drogas utilizadas para diabetes, que mostram perdas expressivas e sustentadas de peso, mesmo em indivíduos sem diabetes, sendo algumas já aprovadas inclusive para obesidade.
Dentre elas, existem os agonistas do hormônio GLP-1, medicamentos administrados com uma injeção auto aplicada.
Estudos revelam melhora na perda de peso por aumentarem a saciedade por mecanismo cerebral já que retardam o esvaziamento gástrico, reduzindo assim a ingestão de alimentos.
Por se tratarem de medicações mais recentes a segurança para uso a longo prazo permanece incerteza, mas é possível pressumir poucos efeitos graves no período de uso por 1-2 anos.
Os resultados da maior parte dos estudos indicam a capacidade destas medicações aliadas com dieta e exercício, para fornecer perda de peso de forma sutentada em 2 anos, além de melhorias em muitos dos importantes fatores de risco metabólicos e cardiovasculares associados à obesidade, o que é seria a grande vantagem desta classe de drogas.
Efeito rebote e reganho de peso
Algo extremamente comum é o reganho de peso após uma intervenção e a dificuldade em manter o peso. Isto é explicado por uma cascata de eventos que diminuem a taxa metabólica de gasto energético para cada peso perdido e mecanismos contra-regulatórios que aumentam o apetite.
Muito mais do que um efeito rebote das medicações, provavelmente muitos fatores são responsáveis pela capacidade de alguns pacientes de atingir e manter grandes perdas de peso a longo prazo, enquanto outros experimentam uma recuperação substancial do peso. Desvendar os determinantes biológicos, psicossociais, educacionais e ambientais de tal variabilidade individual será uma área ativa da pesquisa da obesidade em um futuro próximo.
Na MMI Clinic, a abordagem para o emagrecimento e prevenção de doenças relacionadas a obesidade é de forma integral e multidisciplinar. Agende sua consulta conosco.
Escrito por Felipe Cezar Dias – CRM/PR 34055
Referências:
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