
Já é certo que nosso sistema imune sofre influencia de fatores externos como sono, alimentação, vitaminas e minerais. A atividade física também exerce efeitos consideráveis para as nossas células de defensa contudo, a depender do volume e intensidade dos exercícios estes efeitos podem ser benéficos ou nem tanto.
O exercício de intensidade moderada, inferior a 60 minutos, é visto como um importante auxiliar do sistema imunológico por estimular a troca contínua de diferentes células imunes ativas entre a circulação e os tecidos e melhorar a atividade antipatógena de células como os macrófagos. Com exercícios quase diários, essas alterações, que são agudas e temporárias, operam de forma somatória e cumulativa melhorando a atividade de defesa imune e a saúde metabólica de forma geral.
Por outro lado, altas cargas de treinamento físico, com duração superior a 90 minutos, competições, e o estresse fisiológico, metabólico e psicológico associados estão relacionados a perturbações imunes transitórias, inflamação, estresse oxidativo, dano muscular e aumento do risco de doenças. Estas alterações, que geram supressão imune funcional, criam uma “janela de oportunidade” de 3-12hrs após o exercício na qual a suscetibilidade para infecções de vias aéreas esta elevada.
Várias substâncias como vitamina C, zinco, glutamina já foram analisadas para a atenuação dos efeitos do exercícios de endurance, extenuante, sobre a imunidade, com resultados inconclusivos. Todavia, as estratégias nutricionais mais eficazes para os atletas, especialmente quando avaliadas de uma perspectiva global, incluem o aumento da ingesta de carboidratos e polifenóis.
Um achado consistente é que a ingesta de carboidratos durante ou após exercícios prolongados e intensos, seja de bebidas ou frutas com alto teor de açúcar, como bananas, está associada a redução de hormônios estressores e inflamação. Os derivados fenólicos que circulam pelo corpo após o aumento da ingesta de polifenóis exercem uma variedade de efeitos bioativos que são importantes para os atletas, incluindo efeitos de sinalização de células anti-inflamatórias, antivirais, antioxidantes e imunológicas.
Quando é muito exercício?
Alguns sinais podem indicar muito exercício físico, conhecido como overtraining e incluem:
- Dores musculares anormais
- Diminuição da performance
- Sensação de pernas pesadas
- Infecções de garganta, aftas de repetição
- Problemas de sono
- Aumento dos batimentos cardíacos
- Perda de apetite
- Irritabilidade
- Depressão
Desta forma, a atividade física moderada e regular demontra ser crucial para a melhora e manutenção do sistema imune bem como para prevenção de doenças. Entretanto, o excesso de atividade física, notadamente em atletas, tem efeito transitório oposto sobretudo pelo estresse físico ao que o corpo é exposto. Assim, identificar sinais e sintomas do excesso de exercício físico, atuar com nutrientes certos para rápida recuperação e atenuação destes efeitos e apostar em medidas para prevenção de doenças respiratórias como evitar aglomerações e lavar as mãos regularmente são essenciais para se evitar o adoecimento e aproveitar os benefícios do exercício à saúde.
Dr. Felipe Cezar Dias
Referências:
Palmer Garry MD, Reid G. Elite Performance Running: from Middle Distance to Marathon. A&C Black Publishers, Ltd. 2009.
Nieman DC, Wentz LM. The compelling link between physical activity and the body’s defense system. J Sport Health Sci. 2019;8(3):201-217. doi:0.1016/j.jshs.2018.09.009
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