A vitamina D, antes apenas relacionada à saúde óssea, hoje já é reconhecida como um hormônio diante das crescentes pesquisas compreendendo melhor seu complexo papel no corpo humano.
Estudos direcionam a função do hormônio D para a melhora da imunidade e prevenção e tratamento de doenças crônicas, como diabetes e esclerose múltipla, alguns tipos de cânceres e até mesmo doenças psiquiátricas. A lista é grande e evidências cada vez mais robustas nos levam a crer que realmente esta “vitamina” pode desempenhar importante papel na saúde de modo geral.
Diante disso, crescem também algumas recomendações com pouco fundamento científico e que podem inclusive serem danosas ao corpo, como é o caso da exposição solar para a síntese de vitamina D.
Sabemos sim que o sol é o grande responsável pela ativação da vitamina D e que a pele é a responsável pela fabricação da maior parte dela, mas recomendar a exposição solar frequente por qualquer que seja o tempo é temerário.
Não existe nenhum estudo que estabeleça qual a dose segura e tempo para exposição solar sem a devida proteção e provavelmente nunca iremos encontrar uma recomendação efetiva que possa ser estendida a todos.
A radiação solar UVA e UVB sofre inúmeras interferências e muda de um lugar para outro. Fatores como latitude, longitude, altitude, umidade do ar e poluição alteram de maneira significativa a forma como a radiação chega na pele. Em outras palavras, o “sol” de uma cidade como Curitiba não é o mesmo “sol” de uma praia no mediterrâneo. Desta forma, é impossível uma recomendação diária de tempo de exposição aplicável a todos.
Outro ponto ressaltado pelos que advogam a favor da exposição solar para a vitamina D é o de não usar o fotoprotetor pois ele atrapalha na produção do hormônio. Já existem estudos que rebatem esta recomendação, evidenciando que o fotoprotetor não interfere na produção de vitamina D. Além disso, sabemos que a grande maioria das pessoas não aplica nem reaplica a quantidade ideal de fotoprotetor diariamente capaz de bloquear a radiação.
Caso isto não baste, vale lembrar que o efeito danoso do sol é cumulativo, não reversível, ou seja, 10 minutinhos de sol sem proteção todos os dias danifica o DNA das células e provavelmente significará o aparecimento de lesões malignas, manchas, rugas e flacidez com o passar dos anos.
É indiscutível a importância da vitamina D para a saúde e seus níveis devem estar em valores ideais para se aproveitar os benefícios dela. Hoje temos formas rápidas, seguras e relativamente baratas para conseguir isto, como é o caso de suplementos.
Já o sol é o grande e notório vilão para o câncer de pele, o de maior incidência no mundo, e para o fotoenvelhecimento cutâneo. Assim sendo, arriscar a saúde da pele em busca de benefícios que podem ser atingidos de outras formas, se mostra, no mínimo, contraproducente.
Por Dr. Felipe Cezar Dias CRM-PR 34055
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