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Ovo aumenta o colesterol?

            Mito. O colesterol é sempre visto como uma partícula negativa, mas o fato é que todas as nossas células tem em sua estrutura, moléculas de colesterol e todos os nossos hormônios derivam dele. Todavia, as evidências recentesmais robustas indicam que um aumento de números de partículas de colesterol ruim, LDL,  aumentam o risco de doenças cardiovasculares. Entretanto, mais importante do que saber o valor total de LDL em exames padrão, seria uma análise mais aprofundada para se identificar às custas de que tipo de molécula de LDL ele está aumentado. Sabemos que partículas menores, mais densas e oxidadas de LDL causam mais danos as artérias do que partículas mais leves e maiores de LDL.

            Posto isso, vamos ao ovo. A inferência do aumento de colesterol pelo ovo advém da quantidade de 186 mg de colesterol presente na gema, 62% da recomendação diária. Todavia, estudos demonstram que 70% das pessoas que consomem 3 ovos ao dia, terão pouca ou nenhuma mudança no colesterol, provavelmente pelo sistema de compensação corporal. E mais, mesmo o restante que terão aumento no colesterol (hiperresponsivos) este aumento é às custas de moléculas grandes e leves de LDL, bem como de HDL (colesterol bom), o que não deve ser motivo de preocupação.

            Ademais, 3 ovos inteiros ao dia parece perfeitamente seguro e, além disso, o ovo é um alimento rico em nutrientes e antioxidantes como a luteína e zeaxantina, carotenóides ligados a controle do estresse oxidativo, inflamação de doenças crônicas e particularmente importantes para saúde ocular, ajudando na prevenção de degeneração macular e catarata.

Tomar vinho faz bem ao coração?

            Pode ser verdade. A noção de que 1 taça de vinho (cerca de 150mL) por dia faz bem ao coração advém principalmente da noção do paradoxo francês em que os franceses, em teoria, comeriam alimentos ricos em gordura, mas em contrapartida não teriam tanta propensão a doenças cardiovasculares. Contudo, japoneses, por exemplo, tem ainda menos chances de infartos e tomam poucas quantidades de vinho, indicando que outros fatores comportamentais estão mais relacionados a saúde do coração e que são difíceis de serem apontados em estudos nutricionais. Aliás, a maior parte destes estudos não são feitos de forma controlada, portanto, uma relação categórica a respeito de causa e efeito é difícil de ser alcançada

  • Qual a verdade?

            De qualquer forma, apesar da falta de consenso sobre um tipo específico de bebida ser benéfica para o coração, evidências crescentes sugerem que o etanol e os polifenóis, como o resveratrol e flavonóides, no vinho podem sinergicamente conferir benefícios contra doenças cardiovasculares crônicas. Os polifenóis no vinho podem diminuir a agregação plaquetária, melhorar a fibrinólise, aumentar o colesterol HDL e promover a liberação de NO.

  • Devo tomar?

            A ingestão de 1-2 taças de vinho tinto parece conferir certa proteção para doenças cardiovasculares, contudo atenção deve se ter a dependência causada pelo álcool e desordens relacionadas. As agências de saúde, recomendam para redução substancial do risco de doença, foco maior em uma dieta saudável.

Glúten faz mal a saúde?

            O glúten é o nome dado a um conjunto de proteínas presentes em alguns cereais, como trigo, centeio e cevada. Cada cereal destes contém uma estrutura diferente, sendo a proteína gliadina, presente no trigo, a que oferece maior capacidade de ativar uma resposta imune e causar a doença celíaca. Acontece que estes cereais acabam sendo processados nos mesmos moinhos, havendo, portanto, uma contaminação entre os diferentes tipos de “glúten”. Na classe das gliadinas há ainda frações alfa, beta, gama e omega. A doença celíaca é caracterizada por uma resposta imune por uma porção específica, a alfa-gliadina todavia, sabemos que as pessoas podem reagir com outros componentes do glúten. Os testes convencionais de laboratório entretanto, só conseguem analisar anticorpos contra a alfa-gliadina. Dessa forma, muitas pessoas que possuem sintomas como dores abdominais, flatulência, diarreia, lesões de pele após consumirem alimentos com glúten podem não ter a confirmação laboratorial da doença celíaca, apesar de configuarem um grupo de indivíduos com uma sensibilidade ao glúten não celíaca. Para estes, o melhor diagnóstico seria através da retirada de glúten da alimentação por 60 dias e posterior reintrodução controlada para observar sintomatologia ou não.

            Isto posto, é importante notar que tanto a doença celíaca quanto a sensibilidade ao glúten não celíaca estão associados a uma variedade surpreendente de doenças, incluindo

esquizofrenia, epilepsia, diabetes tipo 1, osteoporose, dermatite, psoríase, doença de hipotireoidismo e neuropatia periférica.

            Outro ponto a ser ressaltado é que os cerais como trigo e centeio não são alimentos com densidade nutricional alta, sobretudo ao compararmos com carnes, peixes, vegetais e frutas orgânicos.     

            Mesmo assim, pela limitação de estudos a respeito do benefício para população em geral a restrição de alimentar deve ser feita com base em critérios de sintomas e análise de exames

Escrito por Felipe Cezar Dias – CRM/PR 34055

Referências:

Informação nutricional: https://nutritiondata.self.com/facts/dairy-and-egg-products/111/2

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Lamarche B, Tchernof A, Moorjani S, et al. Small, dense low-density lipoprotein particles as a predictor of the risk of ischemic heart disease in men. Prospective results from the Québec Cardiovascular Study. Circulation. 1997;95(1):69-75.

Blesso CN, Andersen CJ, Bolling BW, Fernandez ML. Egg intake improves carotenoid status by increasing plasma HDL cholesterol in adults with metabolic syndrome. Food Funct. 2013;4(2):213-221.

Haseeb S, Alexander B, Baranchuk A. Wine and Cardiovascular Health: A Comprehensive Review. Circulation. 2017;136(15):1434-1448.

Feighery Conleth. Coeliac disease BMJ 1999; 319 :236

Hadjivassiliou M, Aeschlimann P, Strigun A, Sanders DS, Woodroofe N, Aeschlimann D. Autoantibodies in gluten ataxia recognize a novel neuronal transglutaminase. Ann Neurol. 2008;64(3):332-343

Lundin KE, Alaedini A. Non-celiac gluten sensitivity. Gastrointest Endosc Clin N Am. 2012;22(4):723-734.

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