
Quase 300 funções no nosso organismo dependem do mineral que chega a ser de 30-50% menos ingerido do que as recomendações dietéticas diárias. Outro grande dilema se encontra em suas dosagens no sangue para determinação de deficiência, já que em sua maior parte se encontra dentro dos nossos ossos, músculos e células. Enfim, o magnésio se mostra cada vez mais como um adjuvante com características de protagonista, uma vez que pode significar a ajuda necessária para controle de eventos cardiovasculares, diabetes e na atividade física.
Prevenindo infartos e pressão alta
Um corpo substancial de pesquisas está ligando a deficiência de magnésio às doenças cardiovasculares, como hipertensão e aterosclerose. De fato, o magnésio está intimamente ligado ao tônus vascular, ou seja, a capacidade de contração dos vasos e isso influencia diretamente na pressão arterial. Corroborando com isso, estudos mostram que pacientes hipertensos tem uma menor concentração de magnésio e em relação ao cálcio (que também contrai os vasos). De forma prática, grandes pesquisas confirmam que uma suplementação com magnésio, de forma geral, com doses maiores de 400mg, contribui para diminuição da pressão arterial.
Outro estudo que acompanhou cerca de 4000 participantes percebeu que os homens que se encontravam no grupo de maior ingesta de magnésio na dieta, tiveram uma redução relativa de 40% no risco de derrame.
Prevenção e tratamento de enxaquecas
Estudos descobriram que pacientes com cefaléia e enxaqueca, especialmente menstrual, têm baixos níveis de magnésio. Para avaliar o efeito profilático do magnésio oral, um estudo comparativo demonstrou que ao final de 12 semanas a frequência de episódios caiu 40% no grupo que recebeu magnésio, assim como o número de dias com enxaqueca e o consumo de drogas para tratamento sintomático, que também diminuíram significativamente no grupo de magnésio.
Além disso, para o tratamento agudo da enxaqueca, o sulfato de magnésio intravenoso mostrou uma melhora estatisticamente significativa de todos os sintomas em pacientes com aura, ou como terapia adjuvante para sintomas associados em pacientes sem aura. De acordo com estudos recentes, o sulfato de magnésio é tão eficaz e uma substância de ação rápida em comparação com medicações clássicas para o tratamento de enxaquecas agudas.
Diabetes e magnésio
O magnésio é importante em vários mecanismos que impactam na utilização do açúcar. Por exemplo, no órgão que produz insulina, influencia diretamente a enzima que converte o açúcar em energia na célula do pâncreas e no receptor que permite a abertura de canais de cálcio e consequente liberação de insulina, hormônio que coloca o açúcar dos alimentos dentro de todas as outras células.
Ele ainda é fundamental no “start” de sinais que levarão a produção de proteínas que são responsáveis pelos efeitos metabólicos da insulina.
Portanto, não é de se espantar que a baixa de magnésio tem sido relatada em 25 a 47% dos diabéticos, especialmente naqueles sem bom controle metabólico. Além disso, a deficiência de magnésio é forte preditor para o desenvolvimento de diabetes.
Assim, há evidências de alta qualidade que mostram que a suplementação de magnésio em indivíduos diabéticos e com magnésio comprovadamente baixo, melhora significativamente o perfil de glicose no sangue. Mas não é somente este grupo que se beneficiaria, evidências também apontam que indivíduos com sobrepeso e resistência à insulina, estágio pré-diabético, também melhoram seus níveis de açúcar no sangue.
Risco para baixo Magnésio
As condições que podem levar à hipomagnesemia incluem alcoolismo, diabetes mal controlado, má absorção (por exemplo, doença de Crohn, colite ulcerativa, doença celíaca, síndrome do intestino curto, causas endócrinas (por exemplo, aldosteronismo, hiperparatireoidismo, hipertireoidismo), doença renal. Além disso, uma variedade de medicamentos, incluindo antibióticos, agentes quimioterápicos, diuréticos e inibidores da bomba de prótons, podem causar perda de magnésio e hipomagnesemia. Veja alguns sinais e sintomas a seguir:
- Geral: Ansiedade, letargia, fraqueza, agitação, depressão, dor de cabeça, irritabilidade, baixa tolerância ao estresse, perda de apetite, náusea, distúrbios do sono
- Musculatura: espasmo muscular, cãibras nas solas dos pés, cãibras nas pernas, músculos faciais, músculos mastigatórios e panturrilhas, dores nas costas, dor no pescoço,
- Trato gastrointestinal: constipação.
- Sistema cardiovascular: Risco de arritmias, hipertensão, espasmo coronário, função de bomba miocárdica diminuída.
Porque o magnésio participa de tantas funções biológicas e reações químicas importantes, sua deficiência traz vastas consequências ao funcionamento do nosso organismo e vários outros usos da suplementação estão sendo estudados.
Na MMI Clinic, nossa equipe de médicos, nutricionistas e enfermeiras está preparada para avaliar e restaurar os bons níveis de magnésio para tratar sintomas e prevenir doenças.
Escrito por Felipe Cezar Dias – CRM/PR 34055
Referências:
Gröber U, Schmidt J, Kisters K. Magnesium in Prevention and Therapy. Nutrients. 2015;7(9):8199-8226. Published 2015 Sep 23. doi:10.3390/nu7095388
Bain LK, Myint PK, Jennings A, et al. The relationship between dietary magnesium intake, stroke and its major risk factors, blood pressure and cholesterol, in the EPIC-Norfolk cohort. Int J Cardiol. 2015;196:108-114. doi:10.1016/j.ijcard.2015.05.166
Kostov K. Effects of Magnesium Deficiency on Mechanisms of Insulin Resistance in Type 2 Diabetes: Focusing on the Processes of Insulin Secretion and Signaling. Int J Mol Sci. 2019 Mar 18;20(6):1351.
LIMA, Maria de Lourdes et al . Deficiência de magnésio e resistência à insulina em pacientes com diabetes mellitus tipo 2.Arq Bras Endocrinol Metab, São Paulo , v. 49, n. 6, p. 959-963, Dec. 2005.
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