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A história da toxina botulínica é interessante. Antes reconhecida como um veneno, por conta de intoxicações alimentares, ganhou notoriedade para uso estético a partir do reconhecimento de melhora de rugas por oftamologistas que tratavam estrabismo.

            Depois de sua aprovação em 2002 para rugas na região central da fronte, a toxina botulínica tem sido amplamente utilizada para corrigir rugas faciais. Contudo, estudos recentes indicam que, além deste uso, ela provoca efeitos biológicos em vários tipos de células da pele através da modulação da liberação de neurotransmissores, e parece que a toxina tem uma zona de influência dermatológica mais ampla do que se pensava originalmente.

            Estamos agora começando a explorar o potencial da toxina além da melhoria das linhas faciais e resultados encorajadores são vistos em uma variedade de doenças de pele. Dentre elas, prevenção de cicatrizes, rubor facial, dor pós-herpes zoster e coceira.

Uso clássicos

– Suor excessivo : A toxina é amplamente utilizada para suor nas axilas, com desconforto mínimo e eficácia  de duração de 2-24 meses, e aumento desta conforme novas sessões de aplicação. Para mãos e pés o desconforto é maior, mas há várias estratégicas para mascarar a dor.

– Pés de galinha e rugas na fronte: tratamento dura aproximadamente 4 meses; no entanto, existem dados para sugerir que um número maior de tratamentos ao longo do tempo levam a um intervalo maior de tempo de eficácia. A satisfação com o tratamento dessas áreas permanece excepcionalmente alto.

– Elevação da cauda da sobrancelha: A aplicação da toxina no terço superior naturalmente já eleva a sobrancelha, mas para maior elevação da sobrancelha, existem pontos que conseguem ganhos consideráveis para “abrir o olhar “.

– Sorriso gengival: É definido como uma exposição maior de 2mm de gengiva sobre o sorriso. Em média, os pacientes alcançam uma melhoria de 75% a 85%, com uma duração de efeito em média de 3 a 6 meses. Sorriso assimétrico, dificuldade em sorrir ou comissuras orais deprimidas são eventos adversos relatados, a maioria dos quais são corrigíveis por injeção adicional de toxina.

– Afinamento do contorno da mandíbula: Um rosto jovem é geralmente associado a plenitude na face superior com afinamento até a mandíbula (formato de coração), e a hipertrofia do músculo masseter pode contribuir para um aparência pesada na face inferior. O resultado cosmético final pode levar alguns tratamentos com intervalos de alguns meses para se perceber completamente a mudança no contorno facial porque a alteração é causada pela atrofia muscular.

–  Lift Nerfertiti: Trata-se de uma forma de administrar toxina no músculo do pescoço destinando-se a melhorar a definição do queixo e mandíbula. As injeções são destinadas exclusivamente na metade superior das bandas do músculo. Outras técnicas também foram descritas com excelentes resultados nesta área que ainda é pouco explorada pela aplicação de toxina.

Usos não usuais

– Tratamento de queloide e cicatriz inestética

            Cicatrizes hipertróficas e queloides representam uma resposta aberrante ao processo de cicatrização de feridas e são caracterizado por crescimento desregulado e formação excessiva de colágeno.

            A toxina foi relatada como uma medida de tratamento para cicatrizes hipertróficas e quelóides em vários de estudos, quando aplicada a cada 3 meses por exemplo, alcançou mais de 50% de melhora nos sintomas, tamanho, altura, e endurecimento da cicatriz.

            Outros estudos clínicos comparativos do tratamento clássico com corticoide e toxina apontam para melhora na aparência semelhante entre as duas terapias e melhor no quesito sintomas de dor e coceira para a toxina.

            O mecanismo da toxina em cicatrizes hipertróficas e queloides ainda não está perfeitamente explicado, mas ela demonstrou inibir a proliferação de fibroblastos derivados de cicatriz hipertrófica, além de controlar as fibras musculares envolvidas e fatores crescimento.

            Entre as vantagens da toxina é a ausência de atrofia da pele e proliferação de vasos, que geralmente é observada após a injeção de corticóides. As limitações da toxina em cicatrizes hipertróficas e queloides seriam o alto custo do medicamento.

– E a prenvenção das cicatrizes

            Hoje em dia, muitos reconhecem o papel da prevenção no gerenciamento pós-operatório de cicatrizes. Um fator chave que determina a aparência cosmética final de uma cicatriz cirúrgica é a tensão que atua nas bordas da ferida durante a fase de cicatrização. Ao bloquear a liberação do neurotransmissor acetilcolina nos nervos periféricos a toxina permite a eliminação quase completa de tensão muscular na ferida em cicatrização.

            Essas propriedades de alívio de tensão, juntamente com o direto efeitos inibitórios em fibroblastos e expressão de fatores de crecimento apoiam seu uso. O efeito antiinflamatório da toxina e sua ação na vasculatura cutânea acalma a fase inflamatória do processo de cicatrização da ferida que também pode contribuir para a prevenção de cicatrizes. 

– Rosácea e ondas de calor na menopausa

            Rosácea é uma doença de pele inflamatória comum caracterizada por vermilhidão persistente, vasos aparentes e bolinhas avermelhadas e amareladas.

            Uma série de relatórios demonstram a possível ação da toxina no rubor facial. Os resultados são encorajadores. Um possível mecanismo pelo qual a toxina melhora a vermelhidão é o bloqueio potente da liberação de acetilcolina no sistema vasodilatador cutâneo. Também, é bem conhecido que a toxina inibe a liberação de mediadores inflamatórios, como substância P e calcitonina peptídeo relacionado ao gene (CGRP). A redução e o controle da inflamação cutânea local podem permitir que a vermelhidão desapareça.

            A injeção de toxina para rubor facial tem benefícios adicionais como também melhora as linhas finas e rugas, diminuindo a força dos depressores faciais.

– Oleosidade na pele

            O sebo contribui para o fornecimento de antioxidantes solúveis em gordura para a superfície da pele e tem atividade antimicrobiana, funcionando assim como uma barreira cutânea. No entanto, o excesso de sebo bloqueia os poros, fornece nutrição para bactérias e pode resultar em inflamação da pele (por exemplo, acne, dermatite seborreica).

            Recentemente, foram publicados insights sobre o efeito da toxina na produção de sebo. Um estudo  concluiu que o tratamento com toxina reduziu a produção de sebo no local da injeção. Ela se recuperou para níveis normais em 16 semanas de acompanhamento.

            O mecanismo pelo qual a injeção intradérmica de toxina resulta na diminuição da produção de sebo não é totalmente claro porque o papel do sistema nervoso e da acetilcolina nas glândulas sebáceas não está bem definido. No entanto, é mais provável que os músculos eretores do pelo e os receptores locais em as glândulas sebáceas são alvos dos efeitos neuro-modulatórios da toxina.

O que esperar

            Desta forma além dos usos clássicos há indicações “fora da bula” de interesse para dermatologistas. Há evidências contundentes de que a toxina exibe efeitos biológicos sobre muitos tipos de células humanas, mas muito ainda precisa ser aprendido sobre a droga e seu mecanismo de ação.

            Sabendo que a pele interage intimamente com o sistema nervoso, estudos futuros devem investigar a ligação entre a toxina e o sistema neuroimune cutâneo para melhor compreender seu potencial em dermatologia. A toxina pode ser utilizada de maneira ideal como um coadjuvante em casos recalcitrantes para terapia convencional haja visto fatores limitantes como custo e produção de anticorpos com altas doses em sessões em curto intervalo de tempo.

Escrito por Felipe Cezar Dias – CRM/PR 34055

Referências:

França K, Kumar A, Fioranelli M, Lotti T, Tirant M, Roccia MG. The history of Botulinum toxin: from poison to beauty. Wien Med Wochenschr. 2017;167(Suppl 1):46-48.

de Almeida ART, Romiti A, Carruthers JDA. The Facial Platysma and Its Underappreciated Role in Lower Face Dynamics and Contour. Dermatol Surg. 2017;43(8):1042-1049.

Giordano CN, Matarasso SL, Ozog DM. Injectable and topical neurotoxins in dermatology: Indications, adverse events, and controversies. J Am Acad Dermatol. 2017;76(6):1027-1042.

Kim YS, Hong ES, Kim HS. Botulinum Toxin in the Field of Dermatology: Novel Indications. Toxins (Basel). 2017;9(12):403. Published 2017 Dec 16. doi:10.3390/toxins9120403

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